2008-08-31

02/II - TUFFI, O ELEFANTE QUE VEIO DO CIRCO.

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Disney

 

 

DUMBO – ELEFANTES COR DE ROSA

https://www.youtube.com/watch?v=Gd4WJeAs4wk



                                              

Welington Almeida Pinto

 

Numa linda manhã de verão, Tuffi tomava banho na Lagoa dos Bichos quando sentiu uma leve bicada numa das suas orelhas. Era Clin-Clin, o beija-flor, que acabava de chegar.

- Olá, Tuffi, tudo bem com você?

O elefante ergue a tromba, todo risonho:

- Olá! Tudo muito bem.

- Novidades?

- Tenho. Voltei a ensaiar um número que, antigamente, apresentava no circo.

- Qual?

- Das garrafas, conhece?

- Sim.

- Ainda consigo me equilibrar em cima delas, acredita?

- Hummmm!... Devem ser uns garrafões bem grandes para aguentar o seu peso, não é?

Nada disso, garrafinhas..., assim..., assim..., do tamanho das garrafas de refrigerantes. Só que de madeira.

- Nossa! Ainda assim suportam um animal tão pesado?

- Claro. Quer saber a manha?

- Ã-hã.

- O segredo está no entalhe da peça. Todo objeto cortado no sentido da fibra da madeira fica bem mais resistente.

- É mesmo? Não, não sabia.

- Pois fica.

- Hummmmm!... Mesmo desse jeito eu acho que é um show muito arriscado.

- Fique sossegado. Sempre fui craque nessas peripécias dos malabaristas de um circo. Está na alma dos elefantes.

O beija-flor balança o rabo, num gesto de desconfiança:

- Só vendo para acreditar.

- Cisma não, amigo.

Tuffi, mais uma vez, enche a tromba e esguicha o líquido no seu corpo, como se fosse um chuveirinho. O beija-flor, ainda pousado numa de suas orelhas, acha muita graça do jeito desengonçado do paquiderme tomar banho. Em seguida, com a tromba em pala, protegendo os olhos do sol, chama o passarinho para ir até ao pátio, onde treina o número circense.

Ao chegar lá, Clin-Clin adverte mais uma vez:

- Tuffi, ainda penso que um bicho do teu tamanho deve manter as patas sempre no chão. Mais seguro, não acha?

- Ah, é? Fala assim porque nunca me viu num picadeiro de circo. Fazia o maior sucesso.

- Nem consigo imaginar...

- Pois bem, Clin-Clin, quer ou não ver minha apresentação?

O beija-flor balança o rabo, num gesto de desconfiança.

- Bem... Vamos lá, quero sim.

- Garanto que vai gostar.

Na floresta não faltava espectadores para ver o elefante artista. Bastava ele chegar ao local onde treinava que logo apareciam os bichinhos da redondeza: alados e da terra..., até mesmo aqueles curiosos que passavam no momento.

Os empolgados admiradores do elefante, cada qual na disputa pelo melhor ponto para assistir a apresentação, acocoravam-se nos barrancos, em pontas de pedras ou se acomodavam na farta ramaria do local. E se algum galho balançava com mais força, o motivo era outro: ranhetices entre passarinhos ou saguis acostumados a criar caso por um lugar melhor para ver o artista trabalhar.

Satisfeito com a plateia formada para assisti-lo, em pouco tempo, Tuffi acomoda no chão as quatro garrafinhas para executar o número circense.  Primeiro, com pose de artista, ele faz um ‘S’ caprichado com a tromba, passeando o olhar pelos seus amigos entre estrondosos aplausos. Em seguida grita em tom de brincadeira:

- Hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor!

Nesse momento, os bichos ficam caladinhos. Nenhum animal pia, grunhe ou crocita, porque qualquer barulho poderia atrapalhar a concentração do elefante acrobata. O clima era de grande expectativa.

E assim, contente com tudo, Tuffi dá início ao espetáculo. Logo suspende uma das patas dianteiras e a coloca sobre o bico da primeira garrafa, bem na sua frente. E, com a mesma habilidade e elegância, ele bota a outra pata sobre a segunda garrafa e conclui a primeira parte da exibição.

Os bichos deliram. Cada um a seu jeito aclama o artista. Tuffi agradece, sacudindo a tromba várias vezes no ar. Após a ovação entusiasmada da plateia, anuncia:

- Atenção! Atenção! Ilustres espectadores, agora..., agora o momento mais difícil do meu número.

A expectativa cresce entre os bichinhos, que espichavam mais ainda o pescoço para melhor apreciar a cena final. Então, com aquela destreza de quem já trabalhou alguns anos em circo, Tuffi pousa uma das patas traseiras sobre o gargalho da terceira garrafa e, com destreza completa o número. Um sucesso!

Uma vez terminado o espetáculo, todo eufórico, o elefante grita muito alto:

- Viva o circo! Viva a alegria! Viva a vida!

Clin-Clin, de bico caído, aproxima-se do companheiro:

- Fantááááááástico! Nunca vi show mais bonito!

- Pois eu disse que ia gostar.

- Adorei – confessa o beija-flor emocionado.

- Para um velho elefante como eu foi preciso bastante força de vontade e determinação para vencer os desafios. Mas, consegui. Superei um a um os obstáculos numa boa.

- Parabéns, amigo. Parabéns.

- Obrigado. Devo dizer que os elefantes, como os colibris, são muito espertos, não acha?

- Sim. Aposto que, com esse talento, vão contratar você outra vez para se apresentar num picadeiro de circo.

Tuffi que nem sonhava mais com a fama, agradece todo vaidoso:

- Quem sabe? Agora, podemos voltar à lagoa e comemorar. Que tal, Clin-Clin?

- Oba!

Falando para todos, o elefante convida:

- Quem estiver animado e coragem que siga nossos passos até a Lagoa dos Bichos.

Com a mesma agilidade, o rugoso animal desce das garrafinhas de madeira e o beija-flor, novamente, voa para uma das suas orelhas. Embalados pelo “cricricri” metálico de uma revoada de grilos, os dois voltam a se banhar na lagoa, puxando uma procissão de bichos fãs do paquiderme artista.

Na transparência das águas, onde os raios de sol deitavam faíscas de prata, Tuffi e Clin-Clin riam mais do que nunca. E assim passam o resto do dia divertindo com os animais de outras espécies numa festa cheia de alegria e muitas brincadeiras, mantendo viva a vida na floresta.

A natureza é para todos.

 

FBN© 2008 * TUFFI, O ELEFANTE QUE VEIO DO CIRCO/Categoria: Conto Infantil – Autor: Welington Almeida Pinto. Nova redação, de acordo com os atuais PCNs, recontextualizando o texto original do livro publicado com o nome Tuffi, o Elefante Equilibrista, em 1993 - Edições Brasileiras – Link - http://outrashistoriasdebichos.blogspot.com.br/2008/08/tufi-o-elefante-comentrios.html





 

CONQUISTANDO A LINGUAGEM
               Compreensão do texto


Atividades/Responda em folha anexa:


1) Existem ou já existiram elefantes nas selvas americanas?
2) Você já viu um elefante ao vivo? Em um circo ou em um Zoológico?
3) E beija-flor, qual o país onde há maior número de espécies?
4) Como você acha que Tuffi foi parar nas selvas brasileiras?
5) Conhece outro elefante famoso? Fale sobre ele.
6) Por que Clin-Clin ficou com medo de um elefante subir em garrafas?
7) Se as garrafas estivessem deitadas suportariam o peso do elefante?

PARA A PROFESSORA:
REFLEXÃO:

 “Os gostos são transitórios, mas as honras são imortais. A magia de um bom espetáculo circense enche nossos olhos de alegria e acaricia nossa alma” - Pítaco


MOTIVAÇÃO:

Converse sobre o Mundo do Circo. Visite um circo no horário de ensaio, lembrando-se que atividades circenses desenvolvem autonomia, criatividade, dominio corporal e inetegração das crianças.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               


VOCABULÁRIO:

Selecione verbetes desconhecidos e oriente os alunos a consultar o Dicionário


EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

* Fale com os alunos sobre as florestas brasileiras. Por serem tropicais, não abrigam animais de grande porte, como elefante, rinoceronte e outros animais que vivem na África e na Ásia.
* Pesquise e fale sobre os fósseis de mamute encontrados em sítios arqueológicos no Brasil, principalmente na Bacia do Rio São Francisco.

** PCNs – PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

* História de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação, certificada pela Diretoria de Desenvolvimento da Educação Infantil e Fundamental da Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais, conforme ofício nº 39/02, de 22 de janeiro de 2002, assim classificado:
 
TEMAS TRANSVERSAIS:

* Ética: sonhos, desejos e fantasia – relacionamento de animais de outra espécie.

* Gênero: aventura.

* Geografia e Ciências: espécies animais e vegetais do Brasil.
* Português: diversidades das línguas e dos costumes. * Pluralidade cultural: o circo através dos tempos.

Comentários:

Caro Welington,

seu texto é doce, tranquilo, não apresenta embaraços de leitura e compreensão. Deixa-se conduzir, eu diria. Não apresenta os grandes impactos dos textos modernos em que, a cada reviravolta surge o inusitado. Mas não é um texto totalmente previsível, uma vez que minha expectativa era de que o Tuffi acabasse falhando, uma vez que se mostrava muito senhor de si, desde o princípio. Portanto, você consegue criar um clima de ambiguidade muito saudável e encerrar o texto na maior naturalidade. O melhor do meu carinho
Prof. Marlene Barbosa/Assis
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Welington,
Li o novo TUFFI, O ELEFANTE EQUILIBRISTA
e amei. Está um mimo. Tem momentos de pura poesia.
Agora quero vê-lo ilustrado, bem colorido, uma
gostosura de livrinho. Imaginei a
historinha muito colorida, cheia de bichinhos e com
umas paisagens de arrasar. Um abraço papai Tuffi, seu bebê é lindo.
Prof. Luciete Barros/UFB/Caetité


Welington, gostei muito! Muito bem escrito!
Linguagem respeitosa com as crianças. Sem aquelas "facilitações" que os autores infantis sempre acabam por cometer. Parabéns, o seu texto “Tuffi”é muito bom! - Prof. Socorro Acioli/Fortaleza


Welington,
... Uma graça o seu conto. Amei o nome "Tuffi"! A historinha é de uma delicadeza magistral. Parabéns!

Escritora Geórgia Borin



Welington,

... Gostei de sua história: Tuffi. Acredito que, com minha experiência nessa área, trata-se de uma história para alunos da 1a. e 2a. séries do ciclo I. Ótimo! Muito bom! Boa sorte! - Prof. Dorisday Lemos/São Paulo.


Welington,

... Li com interesse e prazer a sua história do Elefante!! Achei ótima, estilo e tudo. Parabéns pelo seu trabalho! - Prof. Aline Maria Agnelli/Porto Alegre

Wellington,
... Posto-me impressionado com seu texto na história de Tuf, bem como com a sua linha de raciocínio. Concordo com o abrasileiramento, bem como com a valorização do que é nosso. Sabemos nós que a base da sociedade é a educação, seja ela a de casa ou da escola, da rua, ou de onde quer que se busque, serão elas que determinarão o caráter e os valores do futuro cidadão. Eu como um bibliotecário em vias de formação, e também pelo fato de já ter trabalhado numa grande livraria aqui de SP, visualizo perfeitamente o que pensa. Prossiga nessa! Precisamos de literatura infanto-juvenil de qualidade, principalmente as voltadas aos nossos valores! Abraço, Prof. Jonatas Rodrigues/SP

Welington,
... Ao ler seu texto fiquei primeiramente surpreso com suas ideias e logo depois com a bela simplicidade mágica como o texto do Elefante é tratado. Aprovo e encorajo toda e qualquer ação que vise melhorar o nosso ensino ou enriquecer as mentes de nossas crianças frente a língua tão maravilhosa que é a nossa língua portuguesa. Parabenizo pela iniciativa e dou total apoio para que prossiga com seu divino trabalho, que mesmo frente as dificuldades que nosso país se encontra, seu valor pode ser percebido nos olhos e atos da juventude. Prof. Alkaiser Assis Brandão/Curitiba